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terça-feira, 6 de junho de 2006

Inauguração do Monumento a Luis de Camões - SHIP

9 de Out de 1967
Inauguração do Monumento a Luís de Camões

SHIP/Antº José Pereira Serzedello Júnior


A 1ª comissão Central para as Comemorações do 1º de Dezembro de 1640 formou-se em 1861 e em 1868 levaria à Criação da SHIP (Sociedade Histórica da Independência de Portugal). Dos vários monumentos que os homens reunidos em torno deste propósito e daqueles dois órgãos mandaram erigir, destacam-se o monumento a Luís de Camões e o monumento aos Restauradores. António José Pereira Serzedello Junior foi co-fundador quer da 1ª Comissão Central, quer da SHIP e integrou ambas até à sua morte, em 1883. Esteve presente na cerimónia de inauguração da Estátua a Luis de Camões mas faleceu antes da inauguração do monumento aos Restauradores.

ver:



A Notícia na íntegra (e sem correcções):

"Suas Magestades e Altezas passam sem novidade em sua importante saúde.
M I N F S T E R I O  DO S  N E G O C I O S  D O  R E I N O
DIRECÇÃO GERAL DE ADMINISTRAÇÃO POLITICA
1! " R e p a r t i ç ã o
Allocução dirigida a Sua Magestade El-Rei pelo vice-presidente da commissão central dos subscriptores para o monumento erigido a Luiz de Camões, na solemaidade da sua inauguraçao.
Senhor, — A commissão central cios subscriptores para o monumento consagrado a Luiz de Camões tem a ventura de se congratular com Vossa Magestade pela chegada d'este dia suspirado ha séculos.
Para solver esta divida nacional, contribuíram não só portuguezes espalhados por todo o orbe e os poderes públicos d'este reino, mas os estrangeiros admiradores do grande poeta, e principalmente o povo brazileiro e seu illustrado Imperador, para os quaes também esta divida era de familia.
Desvelando-se por desempenhar com efficacia o encargo que lhe foi conferido pelos beneméritos subscriptores, a commissão central compraz-se de haver conseguido que só mãos portuguezas concorressem para o lavor do monumen-.. to erigido na capital do reino ao immortal cantor das gloriosas navegações e descobrimentos que tanto nos affamaj ram. Symbolo da nação, VOSSA Magestade não podia falta; esta festa parental; acudiu a eila espontaneamente; e tendo
por suas reaes mãos assentado a pedra fundamental d'este monumento, agora com seu augusto pae vae descerrar o colosso. Dois soberanos coroam um soberano. E o representante das modernas conquistas honrando o cantor das conquistas passadas. 

RESPOSTA DE SUA MAGESTADE
Honrámos hoje a memoria de Luiz de Camões. N'aquelle monumento ficará lembrado o reconhecimento da patria!
Ao inspirado cantor do maior commettimento que extremou a antiga da nova sociedade — a abertura do Oceano e a descoberta do novo mundo — era devido este tributo prestado pela nação a quem a principal gloria d'aquelles factos pertence. Venho eu presta-lo em seu nome com emoção e com orgulho. E grandioso, depois de decorridos quasi tres séculos, ver n'este momento um povo dominado todo polo império de dois grandes sentimentos para com a memoria de um homem — a admiração e o enthusiasmo! Se governo3 de sabedoria, aproveitando as condições do geu tempo, souberam preparar para Portugal dias de immortal gloria; Luiz de Camões, cantando essas glorias, conquistou para as letras patrias reputação igual aos feitos que celebrou.
Para louvar Luiz de Camões basta escutar a faraa; é a voz dos séculos quem inspira o seu elogio. Esse monumento consagraram-lh'o já os nossos maiores, porque nunca a consciência do povo esquece o nome dos seus homens illustres. Se a patria por um momento pareceu olvida-lo, pranteava ella então desolada as desgraças que a opprimiam. O nome do grande poeta, inscripto no elevado pedestal da fama ao lado dos primeiros poetas do mundo, descansa seguro de que nunca será esquecido. A opinião creou-lhe um d'esses nomes soberanos, cujo império não perece, como perecem os impérios que só a força sustenta. O tumulo consente bem hoje o elogio. Correndo o véu que encobre as glorias dos que já não vivem, não se offende a modéstia da immortalidade.
Os grandes espíritos são a sós suficientes a si mesmos. E por isso que, levantando no bronze um monumento a Luiz de Camões, não elevámos mais o seu nome, vinculâmos-lhe sim o reconhecimento e a admiração da patria.

AUTO DA INAUGURAÇAO DO MONUMENTO CONSAGRADO A LUIZ DE CAMÕES
Aos 9 dias do mez de outubro do anno do nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de 1867, n'esta cidade de Lisboa, e praça de Luiz de Camões, a qual se achava devidamente adornada e embandeirada, e o monumento todo velado, se procedeu á ceremonia da inauguração do monumento erigido por subscripção a Luiz de Camões com as solemnidades prescriptas no programma approvado pelo real decreto de 2 de outubro corrente, na fórma seguinte:
Depois das quatro horas da tarde, tendo chegado Sua Magestade El-Rei o Senhor D. Luiz I e Sua Augusta Esposa a Rainha Senhora D. Maria Pia, Sua Magestade El-Rei o Senhor D. Fernando e Sua Alteza o Serenissimo Senhor Infante D. Augusto se dirigiram á tribuna do lado do norte, que se havia armado para a familia real, recebendo a continência das tropas formadas em parada, e tocando todas as bandas de musica reunidas na praça a marcha dedicada a Camões por Arthur Frederico Reinhardt.
Encaminhou-se depois o cortejo para junto do monumento, indo na frente os porteiros da real camara com as massas de prata, e logo 03 reis de armas, arautos e passavantes com as suas cotas. Seguiam-Fe as corporações, tribunaes, auetoridades e mais pessoas convidadas, guardando entre si a ordem da precedencia: a camara municipal de Lisboa, a academia real das sciencias, o conselho geral de instrucção publica, a universidade de Coimbra e mais corporações scientitícas, litterarias e artísticas, a commissão central dos subscriptores do monumento, os titulares e
mais pessoas que formam a corte, indo os grandes do reino na ala direita e os outros personagens na ala esquerda, os membros do corpo legislativo, o conselho d'estado, o ministério, e por ultimo Suas Magestades o Alteza, seguidos dos gentis homens da rea' camara e ajudantes de campo,
e das damos de Sua Magestade a Rainha. Ahi o vice-presidente da commissão central, o ccmmendador
Francisco de Paula Sanflago, na ausência do presidente o ex.m0 duque de Saldanha, leu a seguinte allocução:
«Senhor. —A commissão central dos subscriptores para o monumento consagrado a Luiz de Camões tem a ventura de se congratular com Vossa Magestade pela chegada cVeste dia suspirado ha séculos. «Para solver esta divida nacional, centribuiram não só portuguezes espalhados por todo o orbe e os poderes públicos d'este reino, mas os estrangeiros admiradores do grande poeta, e principalmente o povo brazileiro e seu illustrado Imperador, para os quaes também esta divida era de familia.
«Desvelando-se por desempenhar com efficacia o encargo que lhe foi conferido pelos benemeritos subacriptores, a commissão central compraz-se de haver conseguido que eó mãos portuguezas concorressem para o lavor do monumento erigido na capital do reino ao immortal cantor das gloriosas navegações o descobrimentos que tanto nos & Afamaram.
«Symbolo da nação, Vossa Magestade não podia faltar a esta festa parental; acudiu a ella espontaneamente ; e tendo por suas reaes mãos assentado a pedra fundamental d'este monumento, agora com seu angu:,to pae vae descobrir o colosso. Dois soberanos coroam um soberano. E o representante das modernas conquistas honrando o cantor das conquistas passadas.»
 
Sua Magestade El-Rei o Senhor D. Luiz I dignou-r.e proferir o seguinte discurso:
«Honramos hoje a memoria de Luiz de Camões. N'aquelie monumento ficará lembrado o reconhecimento da patria !
«Ao inspirado cantor do maior commettimento que extremou a antiga da nova sociedade — a abertura do Oceano e a descoberta do novo mundo — era devido este tributo prestado pela nação a quem a principal gloria d'aquslles factos pertence.
«Venho eu presta-lo em seu nome, com emoção e com orgulho. 
«È grandioso, depois de decorridos quasi tres séculos, ver n'e3te momento um povo dominado todo pelo império de dois grandes sentimentos para com a memoria de am homem— a admiração e o enthusiasmo! «Se governos de sabedoria, aproveitando as condições do seu tempo, souberam preparar para Portugal dias de immortal gloria; Luiz de Camões, cantando essas glorias, conquistou para as letras patrias reputação igual aos feitos que celebrou.
«Para louvar Luiz de Camões basta escutar a fama ; é a voz dos séculos quem inspira o seu elogio. Esse monumento consagraram-lh'o já os nossos maiores, porque nunca a consciência do povo esquece o nome dos seus homens illustres. «Se a patria por um momento pareceu olvida-lo, pranteava
ella então desolada as desgraças que a opprimiam !
«O nome do grande poeta, inscripto no elevada pedestal da fama ao lado dos primeiros poetas do mundo, descansa seguro de que nunca será esquecido. A opinião creou-lhe um desses nomes soberanos, cujo império não perece como perecera os impérios que só a força sustenta.
«O tumulo consente bem hoje o elogio. Correndo o véu que encobre as glorias dos que já não vivem, não se offende a modéstia da immortalidade.
, «Os grandes espíritos são a sós suficientes a si mesmos. E por isso que, levantando no bronze um monumento a Luiz de Camões, não elevámos mais o seu nome, vinculâmas-lhe sim o reconhecimento e a admiração da patria.»

Em seguida o vice-presidente da commissão central pediu vénia a Suas Magestades para lhes apresentar o esculptor Antonio Victor Figueiredo de Basto, auctor do monumento, ao qual Sua Magestade El-Rei o Senhor D, Luiz I houve por bem conferir o grau de oficial da muito antiga o nobilíssima ordem de S. Thiago do mérito «cientifico, litterario e artístico. Depois o mesmo vice-presidente da commissão, tomando os cordões da cortina que velava a estatua, entregou um d'elles ao presidente do conselho de ministros, o conselheiro d'estado Joaquim Antonio de Aguiar, e o outro ao presidente da camara municipal dó Lisboa, os quaes offereceram o primeiro ?. Sua Magestade El-Rei o Senhor D. Luiz I, e o segundo a Sua Magestade Eí-Rei" o Senhor D. Fernando.' 'Logo que a estatua se paten teou-, ?,presentarani as aiiiiSs, to :„iid& as bandas de musica reunidas na praça a marcha dedicada a Camões peto professor Guilherme Cossoul. Uma girandola de foguetes, correspondida por uma salva real do Castello de S. Jorge e das maÍ3 fortalezas, bem como dos navios de guerra naeionaes surtos no Tejo, annunciou que se achava inaugurada na capital do reino a estatua de Luiz de Camões.Voltando Suas Magestades e o seu séquito á tribuna real, na mesma ordem de precedencias, o vice-presidente da commissão central offereceu a Suas Magestades um exemplar da medalha commemorativa d'esta solemnidade. Por ultimo Por ultimo foi lido este auto para ser assignado como se determina no programma oficial. E eu, Joaquim Pedro de Sousa, secretario da commissão central dos subscriptores, o lavrei e subscrevi, tirando d'elle um traslado para o archivo nacional da Torre do Tombo, e outro para o archivo dos paços do concelho.—Joaquim Ped.ro de Sousa. De laro que Sua Magestade a Rainha não pôde concorrer a este acto, ficando por esta declaração alterados o segundo e terceiro períodos d'este auto.

Assinaturas
 = Joaquim Pedro de Sousa.
EL-REI D. LUIZ = REI D, FERNANDO = DUQUE DE COIMBRA = Joaquim Antonio de Aguiar = João Baptista da Silva Ferrão de Carvalho Mártenâ = Augusto Cesar Barjona de Freitas = Antonio Maria da Fontes Pereira de Mello = Visconde da Praia Grande = José Maria do Casal Ribeiro = João de Andrade Corvo = Conde de Thomar = Conde d 'Avila = Duque de Loulé = Marquez de Sá da Bandeira, conselheiro d'estado e gererail cominandante da escola do exercito = Duque de Loulé, vice-presidente suppleinentar da camara dos dignos pares = Como presidente da camara dos deputados, Antonio Rodrigues Sampaio = O vice-presidente da commissão central dos subscriptores, Francisco de Paula Sant'lago = 0 secretario, Joaquim Pedro de Sousa =Vicesecretario, Luiz Tiburcio Ferreira = Carlos Krus = Antonio José Pereira Serzedello Júnior, vogal da commissão central = Antonio da Silva Tullio, vogal da commissão central, Visconde de Menezes = José da Silva Mendes Leal, vogal da commissão central = Abbade de Castro, vogal da commissão = Marquez de Sousa Holstein, vogal da commissão = José Pedro Collares Júnior = Visconde de Condeixa= Visconde de Valmor = José Silvestre Ribeiro — Roque = Joaquim Fernandes Thomás=João de Matos Pinto = Francisco Pinto Bessa, presidente da camara municipal
do Porto = Manuel dos Santos Pereira Jardim, presidente da camara de Coimbra = José Joaquim Alves Chaves = José Carlos Nunes = Joaquim José Rodrigues da Camara = Luiz Caetano da Guerra Santos = Nuno Joeé Severo Ribeiro de Carvalho = O vereador da camara do Porto, Alexandre Soares Pinto de Andrade = O vereador da camara do Porto, Antonio Cardoso dos Santos = O vereador da camara do Porto, Antonio Caetano Rodrigues = Antonio Lopes Barbosa de Albuquerque, como representante da camara municipal de Faro = Dr. Raymundo Venâncio Rodrigues, lente da faculdade de mathematica da universidade de Coimbra = D r . José Adolpho Troni, lente de direito = Dr. João José de Mendonça Cortez, lente de direito = Dr. Joaquim José Maria de Oliveira Valle, oppositor em direito = Conde d'Avila, vice-presidente dai academia real das sciencias = José Tavares de Macedo = Joaquim Pedro Celestino Soares = Sebastião Lopes de Calheiros e Menezes, director da escola polytecbnica = Conde de Ficalho = Fernando de Magalhães Villas Boas, secretario da escola polytechnica = José Eduardo de Magalhães Coutinho, pelo director da escola medico-cirurgica = Dr. Abel Jordão, lente secretario da escola medico-cirurgica de Lisboa = José Antonio de Arantes Pedroso, lente da escola medico-cirurgica = Dr. Pedro Francisco da Costa Alvarenga, lente da escola medicocirurgica de Lisboa = Luiz Augusto Rebello da Silva, pelo curso superior de letras = Jayme Constantino de Freitas Moniz, peio curso superior de letras = Antonio Maria Barbosa, socio da academia das sciencias, e lente da escola medicocirurgica de Lioboa=João Ignacio Ferreira Lapa, socio effectivo ria academia, lente do instituto geral de agricultura = João Christino da Silva, professor da academia real das bellas artes de Lisboa = Luiz Assencio Tomasini, académico de mérito da mesma academia = Conde dc Thomar (Antonio), vice-presidente da academia promotora das beilas artes = J o s é Ferreira Chaves, viee-secretario da mesma sociedade = Carlos Vizeu da Costa, fidalgo cavalleiro e moço fidalgo com exercício = Luiz Filippe Leite, director da escola normal de Lisboa = O presidente da associação dos ourives da prata, Antonio Maria Tavares = O vogal da acima dita, Caetano Felix de Figueiredo = D. Luiz da Camara Leme, socio correspondente da academia das sciencias = Francisco Vieira da Silva, presidente do centro promotor dos melhoramentos das classes laboriosas = Antonio José Freixão Coelho, presidente da associação dos empregados do commercio c industria, e pelo asylo de S. João = Antonio da Silva Bello,vice-presidente da associação dos empregados no commercio industria, servindo de presidente e representando a mesma associação = José Thomás Salgado, presidente dos alumnos Minerva = Joaquim Luiz Ferreira, secretario da associação dos empregados no commercio e industria = José 1.° vice-secretario da associação dos empregados no commercio e industria = Antonio Maria Antunes, presidente associação dos latoeiros de folha branca = Mathias José Coelho, secretario dos latoeiros de folha branca = Antonio Ignacio de Jesus e Silva, presidente honorário da associação fraternal dos barbeiros, amoladores e cabelleireiros = Antonio José Guilherme Parreiras, presidente da assembléa geral da mesma associação = José Antonio Godinho, actor do theatro da rua dos Condes = Manuel Maria Soaras, idem = Francisco Antonio Lopes de Abreu, peio monte pio dos actores = Pedro Wenceslau de Brito Aranha, pelo Archivo Pittoresco = Domingos Pedro de Alcantara, de Meira Barbosa = João Francisco Júnior presidente da mesa da associação de trabalho para os fabricantes de seda = Antonio Thomás de Sousa, presidente da associação dos marceneiros lisbonense» = Francisco Antonio de Almeida =-José Joaquim Rato, vice-presidente da associação das classes laboriosas.


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